sábado, 28 de fevereiro de 2009

OPINIÕES SOBRE PATATIVA DO ASSARÉ


    “Mais que um poeta maior, Patativa do Assaré é a síntese das lutas e do esperançar do povo nordestino. Como um raio (fogo mágico de corisco), a sua ação humana e a beleza única da sua poesia transpõem as muralhas da opressão e do obscurantismo, afirmando o compromisso inalienável com a liberdade e com a vida. É preciso um século inteiro para plasmar gênios como Patativa do Assaré. O século XX deu esse presente ao Brasil. O povo, envaidecido, agradece”.

    Rosemberg Cariry – escritor e cineasta

    Agricultor, pobre, sem escola, nascido na pequena Passaré, interior do Ceará. Ele poderia ser mais um dos tantos Antônios da Silva que trabalham a terra, casam, têm um monte de filhos e morrem sem deixar marcas. Mas, por meio dele, natureza e cultura se unem: Patativa descobriu o poder de reinventar o mundo através das palavras. (...) Em Patativa, natureza e cultura se imbricam, e, ao contrário do que foi durante muito tempo, para as teorias antropológicas, não são conceitos antagônicos, mas constituem as duas faces de uma mesma moeda”.

    Gilmar de Carvalho – escritor e prof. da UFC

    “Patativa é, poeticamente, um vulcão em constante erupção. A sua poesia é clara e simples e toca rápida e diretamente o coração sofrido do povo nordestino. Tão clara e simples é a sua poesia que chega a tocar também o coração dos chamados "intelectuais de carteirinha", aqueles cidadãos letrados que costumam andar com o nariz arrebitado. Faz um tipo de poesia que encanta e nos leva a refletir sobre a dura realidade do sertão. Suas palavras parecem mágicas; parecem não: são mágicas!”

    Raimundo Fagner – cantor e compositor

    “Patativa é o diamante belo e bruto da poesia nordestina. Simples e profundo, carregado de natureza e atitudes humanas, expressa sua força em versos que, como um turbilhão, derramam-se em palavras que se assentam na alma do povo do Sertão e do solo nordestino”.

    Zé Ramalho – cantor e compositor.

    “Recitando-me inúmeras poesias de sua lavra e declamando ágeis improvisos e repentes, impressionou-me imediatamente, pela delicadeza e arrojo das imagens, pela suavidade lírica de muitos temas, pela mordacidade cortante de algumas composições, pela profunda filosofia que ressumbra de quase toda a sua obra e, ainda, pelo fenomenal poder de sua memória. (...) Logo cheguei à evidência de que seria um crime deixar apagado e desconhecido um talento poético de tão altos predicados, e, apesar de sua excessiva modéstia, de sua verdadeira relutância inicial, anuiu em editar o volume, que hoje é apresentado ao público. (...).As composições em forma literária, de estilo inteiramente diverso põem em realce o autodidatismo do extraordinário rapsodo sertanejo que, com seis meses de instrução primária, vivendo sempre no campo, ao mesmo de exaustivo labor agrícola, conseguiu escalar tão excelsas alturas”.

    José Arraes de Alencar – filólogo e professor

    “Realmente o que mais admira é saber que o autor de Cantos de Patativa teve como escola a roça, a vida, as coisas, as pessoas, o sofrimento, a necessidade, a privação, a viola. Passou por tudo isso, aprendeu, assimilou e agora, está deixando em forma de verso , ao longo de 335 páginas (referia-se ao lançamento do livro Cante lá que Eu canto cá) escritas numa linguagem liberta, natural e, por isso mesmo, muito mais colorida, mais comunicativa, infringindo as normas gramaticais, transmitindo, porém, sabedoria e lições que ficam martelando a consciência da gente”.

    Prof. Dias da Silva – escritor e prof. da UFC

    “Tivemos grandes poetas populares como Expedito Sebastião da Silva, Manoel Caboclo e Joaquim Batista de Sena, só para ficar nos contemporâneos, mas nenhum deles tem o que Carlos Drummond de Andrade chamaria de sentimento do mundo, uma noção de cidadania também muito arraigada e um sentimento de solidariedade que não é piegas, como acontece em Patativa”.

    Silvana Militão – profª. e pesquisadora

    “A poesia de Patativa é universal. Um poema seu vai sempre falar por alguém, é uma reflexão sobre a vida”.

    Sylvie Debs – adida cultural da Embaixada da França no Brasil e profª. da Universidade Robert Schumann – França

    “Patativa nos mostra neste livro que há muito deixou de ser do Assaré para ser do mundo. Sua obra é como uma grife, espécie de fala que existe como suporte para traduzir o universal. A dicção matuta nem de longe significa que ele não compreenda ou não saiba produzir poemas eruditos. Como se verá aqui, sua linguagem “matuta” é apenas uma opção porque o pássaro que se apresenta aqui é liberto. Leu Camões, Castro Alves, Olavo Bilac, José de Alencar, Machado de Assis e outros apenas para saber que "poderia fazer e ser igual a eles todos”. Patativa está além dessas separações arbitrárias entre a cultura erudita e a cultura popular. Ele é simplesmente universal. É um mito, detentor de uma obra magistral, de uma lucidez extraordinária e é, sem dúvida o "cearense do milênio”.

    Luiz Tadeu Feitosa – escritor e prof. da UFC

    “Patativa do Assaré, de batismo Antônio Gonçalves da Silva, é o mais importante poeta popular brasileiro em todos os tempos; em qualidade poética, no meu ver, maior até mesmo do que um dos seus principais e queridos referenciais cearenses, ]uvenal Galeno da Costa e Silva (1836-1931), por todos ainda e com justa razão, considerado o pioneiro no recolhimento e feitio de poemas matutos ou folclóricos espalhados por aí. Patativa é um poeta-criador, um poeta que inventa a verdade; ao mesmo tempo que denuncia os dramas do quotidiano nordestino. Os dramas nordestinos são um capítulo à parte na obra magnífica do poeta de Assaré. Vide A morte de Nanã, sentido poema baseado num fato real ocorrido em 1932, envolvendo de forma terrível a filha de um remediado proprietário de terra, amigo; ou a via crucis da família desgarrada que parte do lugar onde nasceu para ganhar a cidade grande, narrada em estrofes de sete linhas no poema A triste partida”.

    Assis Ângelo – jornalista e estudioso da cultura popular

    “Ao contrário dos cantadores de improviso ou poetas de cordel, que se dedicam ao romance, à rememoração ou invenção de desafios, ao comentário de acontecimentos históricos e à demonstração de conhecimentos, nos folhetos de ciências, Patativa identifica-se mais com os poetas literários, dando preferência à criação livre em redondilhas e em decassílabos, sem desprezar as combinações métricas com o encadeamento de duas redondilhas maiores numa mesma linha, originando um verso de 14 sílabas. Ou, ainda, com o uso de um verso em redondilha maior, solto, completando o pensamento expresso”.

    José Ramos Tinhorão – escritor e pesquisador da MPB.

    “Fenômeno da poesia popular, Patativa do Assaré é senhor de seu ofício, utilizando-se de uma linguagem dupla, ora de vocabulário e sintaxe do sertanejo nordestino, ora de uma lexicologia e de construções fraseológicas talhadas nos limites da linguagem padrão. Seus analistas são unânimes em realçar sua maestria no uso da linguagem para o rústico, o popular, o dialetal, por mais conforme, adequada aos fins de sua expressão de poeta do povo, poeta caboclo, que, por vezes, se utiliza do português padrão, como a insinuar que sua opção pela linguagem cabocla é fruto de deliberada vontade, por total integração com sua terra, sua gente e não por desconhecimento dos códigos letrados”.

    Luís Tavares Júnior – escritor e prof. da UFC

    “Patativa é espantoso, incrível. Eu e Elomar fazíamos um show no Theatro José de Alencar, lotado. Citamos o seu nome, o teatro veio abaixo. Patativa é uma referência não só para o Ceará, para todo o Brasil”.

    Xangai – cantor.

    “Patativa é a pessoa mais pura que a gente tem no mundo. É uma cabeça privilegiada. Shakespeare matuto. Patativa representa a nossa cultura nativa e temos mais é que segui-lo”.

    Xavantinho – cantor da dupla Pena Branca e Xavantinho

    “Patativa é o melhor poeta do Brasil, porque enxerga com o olho do passarinho”.

    Fernando Coelho – jornalista e poeta.

    “Em 1993, fazendo minha estréia na televisão como o jagunço Damião da novela Renascer, da Rede Globo, certo dia no set de gravação declamei Eu Quero, de Patativa do Assaré. O diretor Luiz Fernando Carvalho, também responsável pela minha estréia na TV, ficou impressionado com a musicalidade, simplicidade e profundidade dos versos do poeta de Assaré. O resultado disso foi que, num belo dia, quando cheguei no hotel em Ilhéus, onde a novela estava sendo gravada, dei de cara com o poeta, que fora convidado para fazer uma participação. Àquela altura, eu já havia esbarrado com diversos artistas, uns de pedra, outros de vidro... Diante do poeta, porém, perdi a voz e fiquei mudo. Só sabia chorar e agradecer a coragem que Luiz teve de mostrar pela primeira vez, no horário nobre da TV, o maior nome da cultura popular brasileira, Patativa do Assaré. Na porta do hotel, declamei junto com o poeta a pungente A Morte de Nanã, cercado de uma dezena de pessoas embevecidas. Abracei o poeta, convivi um pouco com o poeta e pude, assim, entender melhor o conteúdo da sua poesia social e cristã. Ao lado de Patativa de Assaré, eu virei menino, virei sertão, virei terra, virei mais Brasil”.

    Jackson Antunes – ator.

    “Um herói da cultura brasileira

    Um guerreiro na arte da viola

    Um mestre pra quem quiser escola

    De canções de saudade e roedeira

    Uma fama que dura a vida inteira

    No sertão, na cidade e na maré

    Esse vulto de Deus sabe quem é

    O orgulho do povo nordestino

    Condoreiro sagrado e tão divino

    Imortal Patativa do Assaré”.

    Décima de João Cabeleira – poeta repentista.

    “Patativa não é só do Assaré, é do Brasil: Patativa do Brasil, o nosso maior poeta popular. Eu o admiro muito, por sua autenticidade e talento, e que Deus o mantenha sempre assim, criativo e lúcido”.

    Carmélia Alves – cantora.

    “Patativa é um gênio, um crânio”.

    Evamberto Almeida – comerciante em Assaré.

    Se Diógenes voltasse

    Com sua lâmpada acesa

    Eu tinha plena certeza

    Se de novo procurasse

    Um homem justo e de classe.

    Pra com ele fazer fé

    Ele diria de pé

    Este homem a mim pertence

    É ele um grande cearense,

    Patativa do Assaré”.

    Pompílio Diniz – poeta repentista.

    “A banalidade e a vulgaridade de muitos dos afazeres artísticos e culturais de nossa época se tornam ainda mais canhestras e constrangedoras quando enxergadas como contemporâneas da graça, da espontaneidade e do rigor estético e ético da poesia de Patativa do Assaré”.

    Chico César – compositor e cantor paraibano.


    “Patativa do Assaré é o maior poeta popular do mundo. É mestre na tradução do sentimento mais puro da gente nordestina. Seu linguajar é carregado de matutice e sapiência que nos remetem aos ibéricos. Nos seus poemas, ele fala do homem simples, do nordestino pacato e esperançoso; fala de si mesmo, mostrando que a poesia nordestina é a mais completa da cultura brasileira”.

    Alcymar Monteiro – cantor e compositor.

    “Patativa do Assaré é um artista poeta. Sua interferência no mundo do seu talento, onde pacientemente trabalha na expectativa de um questionamento por parte de seus leitores, e sua altivez em assumir com dignidade e consciência uma postura de cidadão o fazem, por excelência, diferenciar-se dos demais poetas populares”.

    Lúcio Alcântara – senador.

    “Patativa não apenas vive e conhece o sertão. Não apenas o interpreta, torna-se o seu porta-voz e acompanha a sina do sertanejo nos labirintos desumanos da extrema periferia das grandes cidades”.

    Plácido Cidade Nuvens – sociólogo e reitor da URCA.

2 comentários:

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  2. Prezado, gostaria imensamente de ver este filme em minha cidade, mas Infelizmente acredito que será impossível, um documento deste que pra mim, deveria ser obrigatório em nossas escolas públicas, jamais será exibido no cinema local, pois não é "COMERCIAL". Já foi produzido em DVD? onde posso encontrar? um abraço.

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